Métodos de ensino são adaptados em aulas de música para deficientes

Adaptar instrumentos, com a criação de métodos de ensino, foi a forma encontrada pelos monitores de música da Fundação Carlos Gomes (FCG), que atuam na Associação Paraense de Pessoas com Deficiência (APPD), para aplicar nas aulas de ensino musical. Eles integram a equipe técnica do projeto Música e Cidadania da FCG.

"Buscar a inclusão de portadores de deficiência, por meio do aprendizado musical, é um dos nossos objetivos com o projeto Música e Cidadania, em parceria com a APPD. Isso se dá a partir de um ambiente de convivência e inclusão, que resulta na sociabilidade, aumento da autoestima, sensibilidade e criatividade dos alunos lá atendidos”, relata Júlia Câmara, coordenadora do projeto.

A criatividade também faz parte do cotidiano dos professores. É o que confirma o musicista Sandro Santarém, professor de canto e percussão do projeto. “Houve necessidade de uma adaptação dos métodos usualmente utilizados, visando o melhor aproveitamento dos alunos, deficientes ou não. A ação em si mesma tem um forte significado de superação dos problemas vivenciados por eles”, evidencia o monitor.

Como resultado desse esforço conjunto, os alunos acabam aprendendo não só música, mas também a superar suas limitações, o que é percebido nas diversas apresentações do grupo, como confirma Sandro Santarém. “Nós percebemos que as apresentações musicais realizadas pelos alunos vêm se tornando mais amadurecidas, não só pelas execuções, mas também pela postura de palco. Mais que tocar um instrumento, eles contradizem o que sempre ouviram: que eles nunca seriam capazes”.

Adaptação - “A gente precisa trabalhar com instrumentos adaptados”, diz Adriano Cruz, instrutor de teclado. “Por exemplo, um teclado que utilizamos com portadores de síndrome de down, com as teclas com adesivos coloridos, separados por oitavas, trouxe grandes resultados no aprendizado dos alunos.”

Elaine Valente, professora de violão, há dois anos no projeto, relata como conseguiu estimular a memorização dos acordes do violão de seus alunos que possuem deficiência mental, visual, auditiva, física, além de hiperativos. “Eu tive a ideia de pregar adesivos no braço do violão para que eles pudessem decorar as cifras dos acordes. Os adesivos têm letras ou são coloridos para facilitar essa assimilação", relata, ao informar que teve resultados maravilhosos.

Judson Brito, monitor de flauta doce, também precisou fazer adaptações para o ensino musical de pessoas com problemas de articulação nas mãos. “Começamos a adaptar algumas coisas no ensino formal da flauta, em especial na gramática musical. Primeiro, nós identificamos as posições da flauta com as notas, relacionando com a escrita normal dessas notas", explica.

Inclusão - As atividades de ensino musical do projeto Música e Cidadania são desenvolvidas na APPD desde 2007, quando foi firmado um convênio com a FCG. As turmas são heterogêneas e funcionam duas vezes por semana, com duas horas de aula, com instrumentos musicais cedidos pela APPD. Lá, são realizadas aulas de canto, violão, teclado, cavaquinho e flauta doce.

Júlia Câmara informa que os alunos são pessoas com dificuldade de locomoção, dificuldades motoras nos dedos e mãos, surdez parcial e total, deficiência visual e mental e hiperatividade. Também participam alunos sem deficiência, familiares dos associados e da comunidade. A faixa etária vai de 8 a 65 anos de idade, num total de 123 alunos.

Ascom - Fundação Carlos Gomes

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