Gustavo Adolfo, autista: 'quero ganhar a vida com o suor do meu rosto'
17/11/2010 - 18h42
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"Sou autista, só que um autista leve, de alta funcionalidade ou alto funcionamento: certamente não tenho os problemas que tiveram outras pessoas, mas tive problemas que quase inviabilizaram a minha vida". Esse é um trecho do depoimento que o engenheiro de telecomunicações e mestre em engenharia de sistemas e computação Gustavo Adolfo de Medeiros deu na reunião da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) que debateu a criação de um sistema de atendimento aos autistas no Brasil.
Ele iniciou sua participação citando Rui Barbosa, que considerava injusto tratar de forma igual os desiguais. Gustavo Adolfo classificou como um grande erro matricular em escolas normais crianças autistas sem que antes elas tivessem a oportunidade de se preparar para tal inclusão em associações e entidades que tratam especificamente de pessoas com esse tipo de problema.
- Junto com pessoas normais elas vão sentir-se complexadas, não vão aprender, vão ter uma série de problemas. Isso vai prejudicar todo mundo. Não se pode cair em armadilhas ideológicas. Acho que temos que incluir todo mundo, mas antes tem-se de dar condições de inclusão - afirmou Gustavo Adolfo.
O engenheiro contou que demorou a descobrir que sofria de autismo. Porém, muitas situações o intrigavam, como o fato de ele enfrentar muitas dificuldades nos relacionamentos amorosos e geralmente ser rejeitado em grupos sociais. Também o assustava a dificuldade de conseguir empregos ou, principalmente, se manter neles. Ele disse que desde que o problema foi diagnosticado, melhorou muito. Porém continua desempregado.
Depois de ser aprovado em um concurso para o Banco do Brasil, Gustavo Adolfo foi efetivado no cargo. Porém, devido ao regulamento da instituição, foi obrigado a trabalhar em agência, no atendimento ao público, antes de ser destacado para outra função. Ele contou que a área tecnológica do Banco o queria lá, mas não tinha como infringir as normas. Gustavo, que reconhece ter problemas de concentração, foi desligado do emprego e continua sem trabalhar até hoje.
- Não quero ajuda governamental ou pensão ou previdência. No meu caso, eu quero a oportunidade de ter um emprego. Quero tirar o meu dinheiro do suor do meu rosto, como todo mundo. É importante ter a ideia de que o autista não é um robô. Eu não sou um robô, sou um poeta: faço poesia e escrevo também. Temos muito a oferecer - declarou Gustavo Adolfo.
Roberto Homem / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Fonte: http://www.senado.gov.br/noticias/verNoticia.aspx?codNoticia=105415
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"Sou autista, só que um autista leve, de alta funcionalidade ou alto funcionamento: certamente não tenho os problemas que tiveram outras pessoas, mas tive problemas que quase inviabilizaram a minha vida". Esse é um trecho do depoimento que o engenheiro de telecomunicações e mestre em engenharia de sistemas e computação Gustavo Adolfo de Medeiros deu na reunião da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) que debateu a criação de um sistema de atendimento aos autistas no Brasil.
Ele iniciou sua participação citando Rui Barbosa, que considerava injusto tratar de forma igual os desiguais. Gustavo Adolfo classificou como um grande erro matricular em escolas normais crianças autistas sem que antes elas tivessem a oportunidade de se preparar para tal inclusão em associações e entidades que tratam especificamente de pessoas com esse tipo de problema.
- Junto com pessoas normais elas vão sentir-se complexadas, não vão aprender, vão ter uma série de problemas. Isso vai prejudicar todo mundo. Não se pode cair em armadilhas ideológicas. Acho que temos que incluir todo mundo, mas antes tem-se de dar condições de inclusão - afirmou Gustavo Adolfo.
O engenheiro contou que demorou a descobrir que sofria de autismo. Porém, muitas situações o intrigavam, como o fato de ele enfrentar muitas dificuldades nos relacionamentos amorosos e geralmente ser rejeitado em grupos sociais. Também o assustava a dificuldade de conseguir empregos ou, principalmente, se manter neles. Ele disse que desde que o problema foi diagnosticado, melhorou muito. Porém continua desempregado.
Depois de ser aprovado em um concurso para o Banco do Brasil, Gustavo Adolfo foi efetivado no cargo. Porém, devido ao regulamento da instituição, foi obrigado a trabalhar em agência, no atendimento ao público, antes de ser destacado para outra função. Ele contou que a área tecnológica do Banco o queria lá, mas não tinha como infringir as normas. Gustavo, que reconhece ter problemas de concentração, foi desligado do emprego e continua sem trabalhar até hoje.
- Não quero ajuda governamental ou pensão ou previdência. No meu caso, eu quero a oportunidade de ter um emprego. Quero tirar o meu dinheiro do suor do meu rosto, como todo mundo. É importante ter a ideia de que o autista não é um robô. Eu não sou um robô, sou um poeta: faço poesia e escrevo também. Temos muito a oferecer - declarou Gustavo Adolfo.
Roberto Homem / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Fonte: http://www.senado.gov.br/noticias/verNoticia.aspx?codNoticia=105415
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