CURRÍCULO FUNCIONAL NATURAL
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Imagine como Reagiria Se:
As pessoas nunca falassem directamente consigo mas conversassem sobre si na sua presença;
As crianças se rissem de si na rua e que os adultos o olhassem e falassem sobre si em voz baixa e nas suas costas;
As pessoas o levam de braço dado pela rua sem nunca lhe dizerem exactamente aonde vão;
Não o deixassem ir sozinho a nenhum lugar;
Os professores só lhe fizessem perguntas do género - “Que cor é esta?”
ou “Mostra-me o teu nariz” – mesmo quando você já tem mais de 18 anos;
As suas tentativas de fazer algo acabassem sempre por ser interrompidas por alguém que as faz por si;
Está doente e ninguém se dá conta disso;
Ouve constantemente as pessoas a discutirem entre si sobre o que você pode ou não pode fazer;
Fosse/é um adulto mas que todos se referem a si como se fosse uma criança;
As pessoas lhe dissessem constantemente o que fazer, sem nunca conversarem consigo sobre isso;
As pessoas só esperassem de si comportamentos desadequados;
Não lhe fosse permitido tomar qualquer decisão pessoal;
“Se você fosse tratado assim, como é que reagiria?
Eu, provavelmente, reagiria de uma forma desadequada…”
As perguntas anteriores expressam algumas das limitações que a
sociedade impõe a indivíduos com Perturbação do Espectro Autista,
principalmente aqueles, que de uma forma recorrente, se manifestam
através de comportamentos desadequados.
Para tentar diminuir
estes comportamentos disruptivos de crianças e jovens com PEA foi
desenvolvido por Judith LeBlanc o Currículo Funcional Natural (CFN).
Este currículo tem por base uma filosofia centrada no aluno, que
assenta na crença de que o potencial de aprendizagem é igual em todos. É
constituída por alguns pontos-chave que promovem a auto-estima, a
socialização e os afectos tendo sempre em vista a autonomia.
Tem como objectivos promover o desenvolvimento de competências funcionais e reduzir comportamentos inadequados do aluno.
Segundo a autora:
Os objectivos educacionais devem ser escolhidos para o aluno
enfatizando que aquilo que ele vai aprender terá utilidade para a sua
vida actual, ou a médio/longo prazo, ou seja, os objectivos devem ser
Funcionais.
Tanto os procedimentos de ensino utilizados como o
ambiente de ensino devem de ser o mais semelhante possível ao que pode
acontecer nos contextos reais, sendo assim, Naturais.
Enfatiza o uso
dos Reforços Naturais para que desta forma, se verifique uma
aprendizagem segundo a ordem natural das coisas ocorrerem no mundo e não
de uma forma arbitrária e artificial.
Assim, para que o CFN possa ser implementado na escola é necessário que os professores se centrem nos pontos fortes da criança.
"Antes de se pensar o que se vai ensinar, é preciso pensar para quê se vai ensinar"
É uma forma de ensino baseada nas actividades. A selecção das actividades deve ter em conta:
A idade do aluno, visto não ser adequado envolver jovens adolescentes em actividades pré-escolares, por exemplo;
Devem ser variadas para que o aluno aprenda todas as diferentes formas
de realizar comportamentos correctos e aceitáveis, pois caso o aluno
aprender um comportamento sempre da mesma forma vai ter dificuldade em
utiliza-lo em outros ambientes, não ocorrendo o uso da generalização.
“A estratégia é ensinar apesar dos comportamentos desadequados. É olhar
para além dos comportamentos dos alunos e ver as possibilidades que as
mesmas tendem a encobrir.”
É assim fundamental que o professor e
todos os outros técnicos estabeleçam um plano educativo individual de
competências seleccionadas para serem ensinadas num determinado período
de tempo. Esta metodologia permite uma sistematização diária das
competências a ensinar e facilita a planificação das actividades. Ao
longo das aprendizagens cada aluno está sujeito a avaliações periódicas
feitas a partir de registos quantitativos e qualitativos.
É também
destacado o trabalho com as famílias visto ser com esta que o aluno
passa a maior parte do seu tempo e também porque é a família quem o
conhece melhor.
Conclusão:
Assim, Judith LeBlanc refere que: “
…poderíamos ignorar o comportamento, porém isso permitiria ao aluno
perturbar os outros e a sala de aula, poderíamos pô-lo em isolamento,
porém isto unicamente o afastaria do ambiente destinado ao ensino. A
arrumação dos estímulos de instrução e os procedimentos de ensino
procuram ganhar a atenção do aluno e redirigi-lo para actividades
desejáveis. Deste modo o inadequado diminui, ou é eliminado totalmente.
Com certeza o melhor efeito colateral ao implementar tais procedimentos
é que os alunos começam a desfrutar da aprendizagem e conseguem
aprender.”
Referência Bibliográfica:
Apontamentos policopiados do curso "As Pessoas Com PEA um Crescimento Naturalmente
Global", em 13 Janeiro de 2008.
Fonte: Mariluce Caetano
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